28.3.08

Conheçam Clarice!

Já há muito que esperava a visita de Clarice. Falei com ela da B.U.A.T.C.H.Y., das pessoas, do que era minha vida.

Clarice tinha entrado de maneira engraçada na minha vida. Pela internet, num site de pegação. Nunca entendi porque, mas respondi suas mensagens e fui vendo em Clarice, mais de mim do que supunha existir.

Clarice era louca, porém louca contida. Não se dizia louca, mas percebia que ali existia alguém sedento por loucuras, aventuras, sexo furtivo, frases disparatadas, atitudes questionáveis. Sim, Clarice era louca como eu, só que ainda não havia percebido. Alimentava-a como alimentava a mim mesmo. Sem saber o porque, mas continuava como que me entregando, me proporcionando as loucuras que faziam-me tão bem. Assim como a Clarice.

Um dia, já não me lembro qual (tenho esse problema). Clarice apareceu na B.U.A.T.C.H.Y., linda. Vestia um sobretudo preto, e um salto alto deveras sexy. Scarlet, olhava-a de canto de olho, mas ao meu sinal deixou-a entrar sem maiores problemas.

Clarice veio ao meu encontro, não dissemos "oi", ela entrou pela Chapelaria a dentro. E a partir desse momento, já nada tinha importância, agarrei em sua mão e comecei a leva-la pelos corredores, aqueles que eu conhecia tão bem e que talvez confundissem tanto Clarice. Podia me certificar de que ela ficaria ali, presa para sempre, sem descobrir a saída, mas não era esse o meu interesse, não agora. Queria Clarice, como nunca quis mais ninguém, agora, ali.

Encostei-a a parede, e numa confusão de bocas, mãos, cheiros e corpos, fomos um do outro. Por um tempo que pareceu infinito, como a música que ecoava das pistas. "... Cause we will be together in the dark... don't worry you are not the only one..." E como se o som, fosse parte dos nossos corpos, subiamos e desciamos, no movimento da música, da respiração e das minhas estocadas. Sim, beiravamos o selvagem, mas o que existia ali, era mais puro, mais romantico. O sexo era selvagem, como o tesão que sentiamos, mas havia mais, um sentimento qualquer, ainda passível de definição. Mas tudo termina, como os fluidos que se expurgam após uma boa gozada. Mas Clarice tinha sido mais que uma boa gozada, mais do que todas as outras gozadas infindáveis que havia dado naquela Chapelaria. Clarice era Clarice. Então disse, sem nem saber como: "...Bem, sou gay!". Clarice riu, quase como se não se importasse. E algo me disse que Clarice também tinha seus segredos, também ela escondia algo e por isso não me condenava. O que se seguiu são borrões na minha mente, mas terminado o dia de trabalho e a noite divertida de Clarice pelas pistas da B.U.A.T.C.H.Y. Sentamos numa calçada qualquer, numa rua qualquer, fumando, conversando e rindo. Contei a Clarice muito do que sabia, falamos de pessoas, de história, de música, de viagens... Sem dúvidas, Clarice era Clarice. E escondia um segredo...

A Chapelaria informa: “É quando menos se espera, que tudo muda!” Atenciosamente, O Chapeleiro.

1 comments:

Anônimo disse...

Não era pra contar!
Aí, que morro de vergonha dessas coisas!
Depois a gente discute isso!

Clarice